Denúncias de violência contra crianças e adolescentes aumentam no Sul de Minas; veja dados
Minas Gerais registrou crescimento de 25% em 2024; Sul de Minas acompanha tendência, com Poços de Caldas liderando crescimento percentual. Mais de 200 casos d...
Minas Gerais registrou crescimento de 25% em 2024; Sul de Minas acompanha tendência, com Poços de Caldas liderando crescimento percentual. Mais de 200 casos de violência contra crianças e adolescentes foram registrados na região As denúncias de violência contra crianças e adolescentes aumentaram em algumas cidades do Sul de Minas no último ano. Em contrapartida, há municípios que registraram queda - o que, segundo especialistas, pode significar a subnotificação de casos. 📲 Participe do canal do g1 Sul de Minas no WhatsApp Os dados são do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. De acordo com os números levantados pela EPTV, afiliada Globo, em 2023 foram feitas 23.898 denúncias no estado de Minas Gerais. Já em 2024, esse número saltou para 29.942, um crescimento superior a 25%. No Sul de Minas, a situação reflete o aumento estadual, com destaque para Poços de Caldas, que teve um aumento de 53,13% nas denúncias. Já em Varginha, o crescimento foi de 11,28%. Em contrapartida, Passos registrou uma redução de 36%, enquanto Pouso Alegre teve uma queda tímida de 1,8%. Denúncias de violência contra crianças e adolescentes aumentam em Minas Gerais em comparação a 2023 Luis Lima Jr/FotoArena/Estadão Conteúdo Os especialistas reforçam a importância de utilizar os canais disponíveis para denunciar casos de violência. Entre os principais estão o Disque 100 e o Conselho Tutelar, além do atendimento nos CRAS e CREAS. Veja os números registrados nas cidades mais populosas da região: Poços de Caldas Com 160 denúncias registradas em 2023 e 245 em 2024, Poços de Caldas apresentou o maior aumento percentual entre os principais municípios da região: 53,13%. Para a secretária municipal de Assistência Social, Marcela Carvalho Messias, esse crescimento está associado tanto ao aumento real de casos quanto à maior conscientização da população sobre a importância de denunciar. Ela também destacou que as denúncias não se restringem à violência física, que é mais visível. “Importante dizer também que nesses períodos de janeiro e de julho, que são os períodos de férias, são os períodos aonde acontecem mais denúncias. As crianças não estão indo para escolas, ficam mais tempo no contexto familiar e realmente é quando a gente tem um aumento dessas denúncias, dessas violações nesse período. Infelizmente, períodos de férias são os mais complicados”, explica a secretária. Varginha Varginha registrou um aumento de 11,28% nos casos de violência contra crianças e adolescentes, com 148 denúncias em 2024, contra 133 em 2023. Segundo Viviane Capitani, coordenadora do Creas, a conscientização da população é um fator importante para o aumento das denúncias. “O Brasil, historicamente, as pessoas adultas se reconhecem enquanto maiores, enquanto mais importantes e as crianças e adolescentes como menores, com elas tudo pode, eu posso bater, eu posso xingar. E isso não é a realidade, né? Então a gente acredita que esse contexto histórico associado ao uso de bebidas alcoólicas, de drogas, o contexto de vulnerabilidade social, possam acarretar no aumento da violência contra criança e adolescente”, afirmou. Passos Na contramão da tendência estadual, Passos teve uma redução de 36% nas denúncias, passando de 100 em 2023 para 64 em 2024. O defensor público Carlos Alberto Tomazelli Penha vê a queda como um reflexo do aumento no número de vagas em creches e escolas, por exemplo. "Em Passos, nos últimos anos, nós temos notado uma redução significativa da demanda por vaga em creche e vaga em escola, o que significa que o poder público, por meio dessas políticas públicas, tem conseguido colocar as crianças e adolescentes na escola ou mesmo na creche de modo que a situação de vulnerabilidade fica diminuída por meio da exposição dessas pessoas, dos adolescentes e crianças, à população de modo geral”, comentou. Por outro lado, ele alerta para o risco de subnotificação. “Sempre existe o que nós chamamos de cifra negra. São os casos de violência ou de crimes que não chegam até as autoridades para serem investigados e apurados. É possível que exista, sim. Porém, atualmente, houve uma redução muito grande por conta dos meios de comunicação que nós temos para as denúncias”, completou. Pouso Alegre Em Pouso Alegre, as denúncias caíram de 223 em 2023 para 219 em 2024, uma redução de apenas 1,79%. Para a advogada especialista em direito da família, Rosicler Vilela, a diminuição pode refletir subnotificações. “O que nós temos que detectar primeiro? A mudança no comportamento da criança. Uma criança que, por exemplo, era uma criança falante, ela se torna mais introspectiva, se torna tímida; compulsões alimentares, ou ela come, passa a comer muito, ou ela deixa de comer; mudança no sono; se tornam crianças medrosas, etc. Então, assim, a mudança no comportamento e aquelas pessoas que estão ali responsável, cuidando e zelando, tem que prestar atenção nisso", explicou. Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas